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O homem que acreditou em si mesmo

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Em 1974, uma fome terrível se abateu sobre Bangladesh, um país em grandes dificuldades, na esteira de uma guerra devastadora pela independência.

Milhões de pessoas famintas começaram a migrar dos remotos vilarejos do norte para as cidades do sul longínquo em busca de comida.

Em uma dessas cidades, Chittagong, vivia um professor de economia de 34 anos, chamado Muhammad Yunus.

Conforme Yunus observava o crescente fluxo de pessoas famintas, começou a sentir uma grande distância entre o que ensinava aos seus alunos na Universidade de Chittagong e o que agora via nas ruas: os corpos esqueléticos e os olhares vazios de milhares de pessoas que morriam de fome.

Deprimido e determinado a encontrar uma maneira de ajudar, decidiu começar com os pobres do pequeno vilarejo vizinho de Jobra.

Quando Yunus visitou essas pessoas, descobriu que a maioria dos “mais pobres entre os pobres” era constituída de mulheres viúvas, divorciadas ou abandonadas, que tentavam de maneira desesperada alimentar seus filhos.

Como não tinham dinheiro para comprar suprimentos, eram obrigadas a pedir empréstimo aos comerciantes locais e, depois, vender seus produtos para eles por uma ninharia.

Uma mulher com três filhos, por exemplo, tomava emprestados 5 taka (cerca de 22 centavos de dólar) para comprar bambu. Depois de trabalhar o dia inteiro para transformar o bambu numa banqueta, era forçada a quitar o empréstimo vendendo a banqueta para o comerciante por 5 taka e 50 poy sha (cerca de 24 centavos de dólar). Isso deixaria para ela um lucro de apenas 2 centavos de dólar por dia, o que mal dava para manter ela e seus filhos vivos.

Como muitas outras pessoas nos vilarejos de Bangladesh, aquela mulher era prisioneira de um ciclo que garantia que ela e seus filhos permanecessem na pobreza por gerações.

Como economista, Yunus entendeu que a única maneira pela qual aquela mulher poderia quebrar o ciclo seria conseguir de alguma forma os cinco taka para comprar o bambu, para que ela pudesse vender suas banquetas pelo preço de varejo num mercado livre.

No entanto, não havia ninguém que lhe emprestasse o capital com um juro razoável.

Em sua investigação no minúsculo vilarejo de Jobra, Yunus descobriu que havia um total de 42 pessoas – fabricantes de banquetas, tecelãs de esteiras, condutores de riquixás etc. –, que eram todas dependentes dos comerciantes, e a quantia somada que então pegavam emprestada deles totalizava somente 856 taka, ou menos de 27 dólares.

“Toda essa miséria em todas essas famílias”, ele exclamou, “tudo pela falta de 27 dólares!”.

No fim, Yunus emprestou o dinheiro para aquelas 42 pessoas, porque ninguém mais emprestaria, com a instrução simples de devolvê-lo, sem juros, quando pudessem.

Logo depois, ele foi ao banco local para conversar com o gerente acerca de emprestar dinheiro para outras pessoas em condições parecidas.

“Ele ficou pasmo”, Yunus revelou. “O gerente disse: ‘Você está louco! É impossível. Como podemos emprestar dinheiro para os pobres? Eles não têm crédito. Nossas normas não permitem isso”.

O gerente ainda afirmou que 75% da população de Bangladesh era analfabeta, incapaz de preencher um formulário de pedido de empréstimo e que não tinha garantias para dar. Não havia jeito de aquelas pessoas quitarem um empréstimo. Toda a ideia era muito arriscada.

Assim, Yunus procurou uma instância superior, o gerente do banco regional e, após explicar a situação, trocar correspondências durante seis meses, e finalmente se comprometer como fiador, foi capaz de assegurar um empréstimo no valor de 300 dólares da relutante administração do banco para distribuir entre os pobres.

Assim começou uma nova fase na vida de Yunus – e na vida dos pobres de Bangladesh e, com o tempo, de todo o mundo.

Embora Yunus não tivesse a intenção de ingressar na atividade bancária, acabou nela, apesar das advertências terríveis de muitas pessoas do setor.

Ele estudou como os outros bancos estabeleciam suas operações de empréstimo e, então, criou um banco, o Grameen Bank (Banco Rural ou do Vilarejo), que fez exatamente o contrário.

Enquanto os outros bancos procuravam prolongar a liquidação das dívidas dos devedores o máximo possível, a fim de aumentar a quantia do empréstimo (e dificultar o pagamento por parte das pessoas), Yunus instituiu um programa de pagamento diário de quantias muito pequenas.

Criou grupos de apoio e estabeleceu incentivos para estimular os tomadores de empréstimos a se ajudarem com espírito corporativo para ter êxito.

Além disso, numa época em que os bancos de Bangladesh excluíam as mulheres da possibilidade de conseguir empréstimos, ele definiu o objetivo de que a metade dos tomadores de empréstimo do Grameen Bank fosse de mulheres.

Contra as expectativas de quase todos, surpreendentes 98% dos devedores do Grameen Bank quitam seus empréstimos. (Em comparação, a taxa de quitação em empréstimos tradicionais para pequenas empresas é de 88%.)

Com um desejo crescente de eliminar a pobreza em grande escala, Yunus avançou passo a passo: aprendeu, cometeu erros e se adaptou, com resiliência, para superar os desafios.

Lentamente, ele começou a mudar as mentalidades e conseguiu recrutar uma quantidade crescente de pessoas para sua visão: pessoas dos bancos, do governo e de outros setores afins.

Por meio da liderança de Yunus, o Grameen Bank continuou a expandir seu alcance e impacto, e, até hoje, a organização concedeu mais de 6 bilhões de dólares em empréstimos para mais de 8 milhões de pessoas em Bangladesh, das quais 97% são mulheres.

As filiais do Grameen Bank funcionam de maneira parecida na maioria dos países.

Yunus afirmou: Para o Grameen funcionar, sabíamos que tínhamos de confiar em nossos clientes. Desde o primeiro dia, sabíamos que não haveria espaço para policiamento em nosso sistema.

Nunca utilizamos tribunais para a liquidação de nossos empréstimos.

Não envolvemos advogados ou outros intrusos.

Atualmente, os bancos comerciais assumem que todos os tomadores de empréstimo vão fugir com o dinheiro deles. Assim, amarram os clientes com “nós” legais. Os advogados meditam sobre seus preciosos documentos, certificando-se de que nenhum tomador de empréstimo escapará do controle do banco.

Em contraste, o Grameen assume que todo tomador de empréstimo é honesto.

Não existem instrumentos legais entre os credores e os tomadores de empréstimo.

Nós nos convencemos de que o banco devia ser construído com base na confiança, e não com base em contratos de papel sem sentido…

Podemos ser acusados de ser ingênuos, mas nossa experiência com inadimplência é menor do que 1%. E mesmo quando os tomadores de empréstimo não pagam um empréstimo, não consideramos que são mal-intencionados. Em vez disso, consideramos que as circunstâncias pessoais os impediram de devolver o dinheiro.

As iniciativas de Yunus foram tão bem-sucedidas que ele é amplamente reconhecido como o fundador do movimento do “microcrédito”, que se tornou um fenômeno global.

A ONU declarou 2005 o Ano Internacional do Microcrédito, e, em 2006, Muhammad Yunus e o Grameen Bank foram agraciados juntos com o Prêmio Nobel da Paz, por ajudarem a tirar dezenas de milhões de pessoas da miséria.

Em 2009, o governo dos Estados Unidos concedeu a Yunus a Presidential Medal of Freedom (Medalha Presidencial da Liberdade), a maior condecoração civil do país.

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Informados, pensamos em Yunus, um ser muito humano que uniu necessidade, talento, paixão, força e ação!

Com determinação colocou sua ideia e nada o desanimou pois sabia que aquele que quer, faz!

Modificou sólidos conceitos introduzindo possibilidades onde o que mais foi levado em conta foi a confiança mútua, até então inexistente!

Mas seu discurso era cheio, sem intenções que não o motivo que o levou a agir: humanitarismo!

É, também, exemplo do poder renovador da mudança de paradigmas pessoais e organizacionais.

Abraçado na sua melhor intenção, acreditou e modificou tudo o que ninguém ousava! Mostrou que homem decidido, apenas um, determinado, persistindo na realização, alcança o sucesso!

A sociedade se melhora e se engrandece em valores e virtudes, na proporção em que o mesmo se dá com cada pessoa.

Essa história retrata a força latente nas criaturas humanas.

Um só homem é capaz de renovar o destino de milhões de pessoas, para melhor.

É a mágica do “um” que, aceito e adicionado, faz toda a diferença.

O que precisamos é determinar como podemos ser valiosos, e não qual é o nosso valor.

A marca da sabedoria é ler corretamente o presente, visualizar com clareza o futuro, marchar de acordo com a ocasião, sem perder de vista o destino almejado.

A unidade manifesta seu significado na medida em que se dá a adição, ou mesmo a subtração.

Visão, disciplina, paixão e consciência humanitária, levam à uma única constante que é a mudança!

Com visão – um barco; disciplina – as suas velas; paixão – seu timão; e a consciência humanitária – como timoneiro e guia, se vai ao porto seguro do bem-estar real e duradouro, pessoal e coletivo.

… E assim nos transformamos nos seres que somos.

A única constante no mundo é a mudança.

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